Um dos grandes jogadores de poker do mundo será adversário de Brunno Botteon na mesa final do Main Event da WSOP na próxima terça-feira (15). O nome dele é Damian Salas, experientíssimo profissional argentino com uma carreira repleta de façanhas tanto no poker online como nos feltros ao vivo. O hermano está de malas prontas para a Republica Tcheca.

O Mundo Poker conversou com Salas nesta sexta-feira (11). Ele embarca para o palco da decisão neste sábado a tarde (12) e contou que a corrida contra o tempo foi uma loucura. “Foi um pouco caótico, nem a bolha da FT me gerou essa tensão (risos), mas deu um pouco de stress para organizar tudo. Mas agora já está tudo encaminhado e estou mais tranquilo”, contou Salas.

O “pampa27” do online será o único jogador a reviver essa incrível sensação de participar da mesa final do Main Event da WSOP. Em 2017, o craque conseguiu esse feito em Las Vegas e ficou com a sétima colocação e um prêmio de US$ 1.425.000. A queda dele foi com uma bad beat amarga, mas ele garante que a nova FT não será uma revanche.

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“Hoje simplesmente está como parte da minha história, algo muito importante que eu protagonizei e que estou orgulhoso”, disse o craque. “Não sinto que é uma revanche, mas sim uma grande oportunidade na minha carreira para demonstrar que classe de jogador eu sou. Só quero desfrutar desse evento que vai acontecer em alguns dias”, completou.

Salas está tendo um 2020 incrível. Recentemente, o hermano levou uma forra absurda de US$ 814.663. No mês ado, Salas conseguiu outro resultado de impacto ao cravar o Evento #20 do EPT Online e levar uma forra de US$ 117.475. “Estou muito feliz com o meu presente, muito orgulhoso das minhas performances e isso é independente dos resultados. É um ano onde consegui uma consistência do ponto de vista do jogo sobre o que penso e sinto e isso está funcionando muito bem”.

Por fim, Damian também elogiou bastante Brunno Botteon e apontou uma qualidade no brasileiro. “Um valor dele é a mentalidade ganhadora, você nota em cada confronto. Tem uma mentalidade extraordinária. Não é por acaso que está atravessando esse momento”. Salas terá o terceiro maior stack da mesa final para buscar a forra de US$ 1.550.969.

O argentino conversou com o Mundo Poker sobre diversos assuntos diferentes. Confira a entrevista completa com Damian Salas:

MP: O que você sente ao estar de novo em uma mesa final de Main Event da WSOP?

Salas: Eu estou muito feliz e muito orgulhoso de poder estar novamente sendo um participante da definição de um evento de transcendência a nível internacional. Por outro lado, também me sinto um privilegiado de estar novamente numa definição deste tipo. Isso não é tênis, não tem um Nadal, não tem um Federer aqui, há um grupo de elite que trabalha duro para pertencer a essa elite todos os dias. Meu trabalho, meu esforço e acima de todo o universo me presentearam novamente com uma oportunidade tão importante. Me sinto privilegiado.

MP: A bolha da mesa final foi um pouco tensa. Você temeu em algum momento ficar de fora dos nove finalistas?

Salas: Com toda a honestidade, não. Sempre tento que meu jogo seja muito dinâmico e que é baseado em evolução dessa dinâmica. Se tenho que sair em 10º ou 11º, mas seguindo as minhas convicções, eu tomo como parte do que faço e isso já aconteceu muitíssimas vezes. Faz três ou quatro anos que estou em um trabalho importante do ponto de vista mental para aceitar e lidar com a pressão. Não me gera tensão, eu tomo como algum natural e desfruto e jogo com tranquilidade.

MP: Como está sendo essa corrida contra o relógio para chegar na República Tcheca?

Salas: A corrida é uma loucura como você disse. Eu estou mais ou menos tranquilo, com a viagem organizada, seguindo todas as normas sanitárias. Foi um pouco caótico, nem a bolha da FT me gerou essa tensão (risos), mas deu um pouco de stress para organizar tudo. Mas agora já está tudo encaminhado e estou mais tranquilo.

MP: Sua eliminação em 2017 teve um sabor amargo com o sétimo lugar. Sente que agora é uma nova oportunidade para alcançar um voo mais alto?

Salas: Para mim, 2017 tudo desandou de um jeito um pouco frustrante. Mas eu tenho grandes recordações desse 2017, eu desfrutei muito o que ou. Hoje simplesmente está como parte da minha história, algo muito importante que eu protagonizei e que estou orgulhoso. Não condiciona em nada minha estratégia presente e meu posicionamento dessa nova mesa final que é única. Os movimentos serão totalmente distintos da outra. Não sinto que é uma revanche, mas sim uma grande oportunidade na minha carreira para demonstrar que classe de jogador eu sou. Só quero desfrutar desse evento que vai acontecer em alguns dias.

MP: Você está tendo um ano fantástico no poker online. São muitos resultados consistentes e um grande prêmio no Main Event do WPT. O que pode falar sobre essa fase?

Salas: Estou muito feliz com o meu presente, muito orgulhoso das minhas performances e isso é independente dos resultados. É um ano onde consegui uma consistência do ponto de vista do jogo sobre o que penso e sinto e isso está funcionando muito bem. Me encontro jogando depois de ter ado por alguns tropeços, que é normal da carreira de todo profissional, me sinto em um momento onde consegui essa consistência em um estado de tranquilidade que me permite desfrutar muito o que eu faço e executar com convicção. Realmente me sinto em um grande momento, sei que isso obviamente é parte de uma variância positiva que está sorrindo para mim. Isso todos nós jogadores temos claro. Independente dessa variância, estou fazendo as coisas muito bem nas mesas. É uma consequência esse presente. Consequência de fazer as coisas bem e, claro, os flips estão segurando (risos).

MP: Você acredita ter uma vantagem para os demais competidores por já ter participado de uma mesa final?

Salas: Não creio que me dá uma vantagem. Como eu te disse, cada mesa é única e não dá para repetir. Sinto que estou em um grande momento e que tenho uma experiência que me dá certa calma. Creio que me permite manejar bem a pressão, me permite não me afetar com fatores externos.

MP: Você estuda o jogo com outros jogadores ou segue trabalhando “solo”?

Salas: Não sou um estudioso obsessivo do jogo. Conheço os softwares e tudo que implica isso, mas não sou um estudioso do mesmo. Mas sou um grande estudioso da dinâmica de jogo, eu jogo muitíssimo poker e fundamentalmente estou nos momentos definitivos onde está a pressão, onde a gente conquista grandes coisas. Em função disso, tento fazer uma análise bastante racional e cumprir estratégias que podem ser eficientes nesses momentos. Em respeito se trabalho com outros jogadores, eu posso dizer que tenho o enorme prazer de conhecer mentes brilhantes do poker sul-americano. Se não tenho uma equipe de trabalho, tenho uma certa afinidade, pensamos certas coisas juntos e isso obviamente me acrescenta muito. Tem três ou quatro jogadores da elite sul-americana em minha volta, mas é algo sem dias, sem compromisso, sem horários. É só uma afinidade pessoal que temos e também por um interesse sobre jogo e estar evoluindo continuamente para pertencer a elite. Isso é um desafio de todos os dias.

MP: O que você pode falar sobre Brunno Botteon?

Salas: Brunno me parece um jogador extraordinário. Como eu disse em outra pergunta, existe uma elite do poker mundial que tem 50, 60 jogadores. Depois tem um núcleo duro de 200, 300 que estão atrás, mas que trabalham duro e jogam muito bem. E ainda depois tem 600, 700 que querem chegar aí. Eu considero Brunno entre os 50. Um valor dele é a mentalidade ganhadora, você nota em cada confronto. Tem uma mentalidade extraordinária. Não é por acaso que está atravessando esse momento.

O craque argentino foi o sétimo colocado do torneio em 2017